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Crítica: Em “Queen of the Clouds”, Tove Lo mostra que seu pop busca o limite

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Tove Lo apareceu lá em 2012 com "Love Ballad". Se a maioria do público não deu muita atenção, as coisas começaram a mudar de forma em março de 2013, quando a moça lançou "Habits (Stay High)". A música não se fez um smash-hit imediato, mas agora galga uma subida na principal parada da Billboard.

Dessa maneira, não foi difícil perceber que a sueca tinha um potencial a ser mostrado e jogado aos quatro ventos. Algo que o Queen of the Clouds, seu álbum de estreia, mostra da melhor forma possível.

O material vem todo conceitual, dividido em três atos - "The Sex", "The Love", "The Pain" -, nos quais ela tenta criar uma narrativa lírica entre as músicas. E consegue. Claro, nada é tão rígido e podemos pensar que tal música se encaixaria também em outro momento, já que sexo, amor e dor muitas vezes se misturam.

É com essa base que o disco mais chama atenção. Além das produções impecáveis de hitmakers conhecidos, como Shellback, e toques de mãos novas, The Struts, que nos fazem redescobrir a EDM com todas suas nuances, é liricamente que o trabalho mais se destaca.



Por isso, esperamos todo o material estar disponível antes de comentá-lo detalhadamente. A música "My Gun" custou a sair nas internetes e é o primeiro seguimento no discurso sobre sexo. Depois de uma interlude falando que a paixão no começo vai ser a melhor parte de um relacionamento, a faixa diz sobre o ato sexual e pronto, em meio a ruídos de armas sendo destravadas. "Like Em Young" a complementa, nos contando o tipo de pessoas que a cantora gosta de transar: desce aí novinho! O ato se fortalece com "Talking Body", uma ode à parte da conquista, sempre objetiva. É em "Timebomb" que as coisas começam a mudar.

A canção falada e com refrão explosivo talvez seja a que mais se destaca. Foi ótimo colocá-la como divisor entre sexo e amor, porque existe quase uma urgência em tentar esconder que o sentimento quer evoluir. Isso é perceptível quando a música começa de um modo bem filme de comédia romântica e desemboca na tristeza de saber que as coisas, às vezes, não são pra sempre. "And then you freak out 'cause suddenly you love this person", diz Tove na interlude "The Love". É essa insegurança e paixão que permeia a segunda parte do disco.

Tentando se mostrar para alguém, Lo não tem medo de dizer que é sim imperfeita, erra horrores, mas mesmo assim consegue dar prazer. É justamente a nuance da qual já falamos: sexo e amor, mais uma vez, se misturam. Seguimos com a sinceridade em "The Way That I Am", onde a cantora mostra a dubiedade de pensamento quando canta "I'm falling in love / and I hope that you want me / the way the I am", emenda com "falling in love / and I know I can change me / Do you understand?", demonstrando um amor que cega a ponto de te transformar em outra pessoa. Em "Got Love" tudo parece assentado, tanto que o ar adolescente aqui é o protagonista. Então abre-se espaço para "Not On Drugs" e a declaração de se estar amando tão plenamente que ninguém consegue acreditar. Infelizmente, como nem tudo vai sempre bem, "there's no good way to end things, 'cause it's ending, you know?", afirma a intro "The Pain".

No terceiro e final ato as coisas ficam ainda mais intensas. Tove Lo não tem medo de mostrar todas as suas fraquezas e logo em "Thousand Miles" expõe o sentimento de não aceitar que o relacionamento acabou. Para coroar a sensação vem "Habits (Stay High)". Um coração partido, algumas pílulas e a vontade de parar de viver depois do término deixam de parecer literatura clichê e se torna real e palpável. "This Time Around" é a sensação de perda de si mesmo, com "Run Our Love (QOTC Edit)" sendo o momento em que se insiste no erro, ao mesmo tempo que se está dormente e sem rumo.

A versão standard do álbum é totalmente fechada e concisa e a inserção de mais músicas na versão deluxe poderia ter sido feita de um jeito bem melhor. Por que não nomear essas canções e criar um quarto ato que falasse sobre se lembrar de como foi a história? Nesse contexto, até os remixes fariam sentido. Uma oportunidade perdida, mas que nem por isso deixa de nos fazer amar novamente "Love Ballad", "Out of Mind (yn Remix)" e acolher "Not Made For This World" e "Crave" - essa última, uma tristeza não ter entrado na tracklist principal.

Depois dessa epopeia, percebemos como Tove Lo sabe que a música pop vai além do radio-friendly. Queen of the Clouds consegue trazer aquela sensação capitalista insana da nossa geração, de precisar ter a novidade antes dela se assentar. É um must hear que coloca essa estreia em um patamar bem alto.


quedelicianegente.com

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