
Acompanhamos BROODS por um bom tempo aqui no blog. No último dia do primeiro mês desse ano o duo neozolandês lançou um EP homônimo que conta com seis músicas. Desde então foi difícil aguentar por mais novidades e canções dos irmãos Georgia e Calleb Nott. E que bom que conseguimos esperar.
Evergreen conta com a produção executiva de Joel Little, que já trabalhou com Lorde, e tem todas as músicas escritas pela dupla. Em uma audição desatenciosa, o álbum pode parecer homogêneo demais, beirando a mesmice, mas isso é só uma prova da solidez melódica encontrada pelos envolvidos.
As influências pop minimalista e trip-hop continuam, acopladas do synthpop delicioso com o qual nos conquistaram. Escolhendo dar destaque a um ou outro aspecto sonoro, BROODS consegue fazer com que cada música tenha um papel a desempenhar dentro do registro.
Vemos isso em "Everytime", sábia escolha para o segundo single, e na despretensiosa "L.A.F.", que já nos havia sido apresentada. As duas, dentro do contexto, são o que podemos chamar de uptempo. Enquanto a primeira introduz a temática de um relacionamento que não consegue dar certo, a segunda nos mostra uma amizade boba e gostosa. Isso é ótimo, já que dentro de um álbum que não tem medo de tocar sinceramente na tristeza de um coração partido, vem como um respiro.
A dobradinha "Bridges" e "Never Gonna Change" dispensam comentários, o que nos faz amar ainda mais "Killing You" e "Medicine". Esta última, então, se destaca facilmente. Com a vocalização de outra irmã Nott, Olivia, a atmosfera criada surpreende de primeira. Além disso, temos o ambíguo hipertexto lírico. Ao mesmo tempo em que a pessoa para quem a música se dedica é vista como um remédio, percebemos como Georgia também dá a entender que só estando dopada consegue passar por esse término. Powerful stuff.
Outro assunto que parece recorrente é a relação que fazem entre segurança, amor e lar. Escolher "Mother & Father" como primeiro single não é arbitrário. Mais que a música título, é nessa canção que vemos a força lírica do álbum. Isso volta a se repetir em "Sober" e "Superstar". "Four Walls" também trata desse tema e de forma ainda mais destruidora por nos apresentar versos como "and I'm trying hard to make you love me / but I don't wanna try too hard".
Assim como a faixa homônima nos mostra em sua estrutura e com seu background quase hipnótico, Evergreen foi feito para durar por muito tempo em nossas cabeças. Seja em uma produção que beira o impecável e que se mostra sólida ou em letras sinceras, objetivas, mas não podadas, o álbum é um leve toque que se espalha.

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