
Christina Perri lançou no primeiro dia desse mês o seu segundo álbum de estúdio. O registro já tava rodando uma semana antes pelas interwebs, porque a fofa colocou pra streaming. Ouvimos e ouvimos de novo e não poderíamos perder a oportunidade de falar dessa marvilha.
Head or Heart vem com a missão de discutir um pouco a relação que a cantora (e nós também) tem com a paixão. Quando a gente tá se envolvendo é impossível não existir, em algum ponto, alguma dúvida. É quando ficamos dividos entre a cabeça e o coração.
A partir disso, decidimos fazer nossa crítica expondo os dois lados da discussão. Escolham o #team de vocês.
Head
A introdução não poderia ser feita senão de modo racional. O baixo dita o tom de "Trust", enquanto Christina canta achar melhor ser verdadeira com quem se relaciona. Em "Burning Gold" as decisões parecem se contrabalançar. Enquanto a percussão se sobressai, a cabeça de Perri decide que deve dar lugar ao coração. Afinal, as coisas não são tão separadas assim. Já "Human" mostra que tudo se complica se deixarmos a paixão falar por si própria. Os violinos trazem o lado emocional-racional dela quando diz não conseguir fingir ser perfeita - nem por amor - quando, na verdade é humana e cheia de falhas.
"Lonely Child" dá destaque ao violão e revive uma sonoridade western. Mesmo diferenciada, não se destaca muito no material. Ao menos a cabeça ganha uma forte aliada com "Butterfly". Fazendo uma alusão toda discovery channel, abusa do piano e coro pra mostrar que consegue enxergar seu relacionamento como uma terceira pessoa. Isso quase se repete em "Shot Me In The Heart", em que ela sabe que a relação acabou, seu coração está machucado, mas que, no final das contas, quem mais perdeu foi quem a deixou ir. Perri mostra que a cabeça tem dessas coisas, pode te fazer sentir menos dor quando separa tudo em fatos e consequências.
Heart
A primeira representante do coração traz Ed Sheeran pra te convencer. "Be My Forever" é ótima pra quem acha que o coração deve tomar a dianteira (como ouvimos em "my heart finally trusts my mind"). A mensagem é simples: quando se ama, ninguém te tira do topo do mundo, que é onde você encontra a felicidade. Mesmo que essa felicidade seja passageira, como ouvimos em "One Night". Aqui a cantora não tem vergonha de dizer que pra acalmar seu peito, precisa somente de uma noite, que seja. Amor próprio também é um ótimo amor.
Então conhecemos, em "I Don't Wanna Break", a razão que esse músculo tem pra dar. Surpreendetemente, o coração também sabe que as coisas podem acabar. A sensação de terminar uma relação é melhor que não ter ninguém, como fica explícito em "if it gets harder / I don't wanna break all alone / I wanna break in your arms". E é fácil se convencer disso quando a percussão e o coro de vozes se fazem presentes. "Sea of Lovers" talvez seja o último forte argumento desse lado. Os instrumentos de corda, juntamente com uma composição impecável, fazem um trabalho magnífico ao desenhar um mar cheio de amores perdidos e amores para serem encontrados.
O mesmo não podemos dizer de "The Words" e "Run". Nem com seus violinos a primeira consegue convencer muito na mensagem que quer passar, enquanto a segunda canção traz um bela melodia ao piano, mas que, ao decorrer, se mostra meio cansativa. Mesmo com esses deslizes, o coração se mostra poderoso e instigante ao nos mostrar caminhos que queremos conhecer, justamente, pela sensação única de felicidade que o desconhecido traz.
Head or Heart?
A decisão final fica por conta da última canção do disco (e talvez a mais poderosa). Nas primeiras notas ao piano de "Believe" fica claro que estamos diante de uma das composições maravilhosas de Christina. A música é quase um conselho da cantora para todos que ouvirem seu questionamento entre cabeça e coração. A gente se machuca, morre muitas vezes, mas sempre sobrevivemos.
Seus últimos versos funcionam como um mantra para que sempre possamos repetir nos momentos mais difíceis: this is not the end of me / this is the beggining. Head or Hearté uma empreitada mais pop do que o primeiro registro da cantora. Com letras extremamente relacionáveis, Perri consegue mostrar claramente sua evolução musical.
E o veredito entre cabeça e coração? Não importa qual lado você escolhe seguir. O que importa é acreditar no que você acredita. No final, só nos resta esperar que coisas boas venham do amor que escolhemos para nós.

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