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Crítica: o ponto final que vem como forma de expandir experiências em “Shakira.”

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Depois de um tempo sem material novo, como ela sempre faz, Shakira está de volta ao mundo da música com seu décimo álbum de estúdio. A decisão de nomeá-lo de Shakira., num primeiro momento, passou a impressão de que embarcaria na onda preguiçosa e clichê dos discos auto-intitulados. Mas, neste caso, como em poucos outros, as coisas não foram simplesmente jogadas ao vento.

Defini-la como uma artista pop é só um daqueles casos em que sabemos que "tudo é pop". Shakira. traz ritmos já explorados por ela (assim como alguns novos), mas não deixa de ter aquela mistura característica que a fofa sempre faz. Dessa vez a mistura não veio só em ritmos, mas também em aptidões artísticas.

Ela escolheu seu álbum homônimo para fazer uma coisa inédita em sua carreira: se colocar somente na posição de intérprete, sem compor. Isso acontece em "Empire", "You Don't Care About Me" e "Chasing Shadows". As duas primeiras têm produção da moça, o que surpreende pela sequência de ambas ser a mais melódica e catchy do álbum. A última, com composição de Sia e os dedos mágicos de Greg Kurstin, entrou somente como bonus track e é uma das diferenciadas do material, flertando no synth-pop.



Assim como "Medicine", onde fica claro como Shakira somou vontade de experimentar à aproximação com Blake Shelton pelo The Voice, resultando em sua primeira faixa country. Se dá pra juntar o melhor de dois mundos e ainda lucrar nos EUA - que ama o ritmo - vambora fazendo. Quase com a mesma lógica, temos "Dare (La La La)"/"La La La", que abre o registro. Sua pegada dance não é mesmo uma síntese do que que viria (se bem que tal coisa não existe, no caso), mas não está muito longe do propósito da maioria de suas músicas up-tempo mais pegajosas.

Sua latinidade não aparece escancarada, como no último CD, Sale el Sol, mas ainda está presente, como no raggae pop de "Cut Me Deep", no ska e reggae rock de "Can't Remember to Forget You" (ainda amais claro na versão em espanhol, "Nunca Me Acuerdo de Olvidarte") e nos instrumentos de corda de "Loca Por Ti"/"Boig Per Tu". Essas duas últimas, aliás, nos fazem partir para o lado mais marcante da colombiana presente no álbum: sua paixão pelo rock e suas composições honestamente simples.

"Spotlight" (que retoma um tema já apresentado em outros álbuns) mergulha em um pop rock um pouco sem personalidade. Contudo, é marcada por maneirismos/vícios vocais da cantora, que não deixa de explorá-los ao mesmo tempo em que dá espaço para novos tons e formas de interpretação em outras músicas. Em "The One Thing" essa simplicidade lírica acaba por não acrescentar muito à canção, mas é equilibrada com os versos relativamente rápidos e marcados do bridge e o uso de palmas (além do fato de ter sido escrita para o filho Milan).

A honestidade vem com força arrebatadora em quatro faixas, destaques do material. Em "Broken Record" temos a fixação da cantora com o corpo do amado ("your hands that have no mercy / are also my best friends / and I can get lost climbing on your legs that never end"). Em "23", praticamente só ao violão, compartilha os sentimentos de quando começou a se relacionar com, hoje marido, Gerard Piqué, suas crenças ("but then you looked at me with your blue eyes / and my agnosticism turned into dust") e seu medo da solidão ("there were nights that I stayed up crying / 'cause I was certain that things wouldn't change"). Na já citada "Loca Por Ti", fica claro que ela acredita já ter achado o que tanto procurava, ainda mais por ser uma versão/regravação de uma canção que seu companheiro ama. E, ao piano, "The Way" é uma declaração apaixonada pelo momento atual de sua vida.

Shakira. não é um álbum em que o ponto final do seu título vem depois de todas as experiências passadas através da música, como se tudo estivesse fechado. Ele vem antes, como se essas canções fossem mais outra parte de Shakira como artista. Esse ponto final não é aquele que encerra uma história e a dá por terminada, mas sim o que mostra o começo de um novo capítulo.

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quedelicianegente.com

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