
O Karmin tem um trajetória que o Domingo Legal adoraria. Amy e Nick se conhecem, começam a se querer, depois vão gravar covers no seu canal do YouTube, fazem tanto sucesso na web, até que BOOM: são contratados por uma grande gravadora. O final até-que-feliz se desencadeia em Pulses, o primeiro álbum de estúdio da dupla.
Desde o EP Hello (que trouxe coisas similares ao que já faziam em seus vídeos, lapidadas para o mercado), o duo tem trabalhado em seu debute. E aí começa o problema. Foi tanto tempo de espera, que a expectativa cresceu demais. No geral, até foram supridas, muito bem obrigado, mas a gravadora atrapalhou um pouco o caminho dos dois, esperando um suposto momento certo de lançá-lo.
O CD começa pela introdução curtinha "Geronimo", então não dá pra saber muito bem o que esperar. Talvez por isso, já trazer a faixa-título na sequência seja uma boa aposta. "Pulses" faz metáfora com batidas do coração e introduz a estratégia de soar épico através de coros, usada outras vezes no decorrer do álbum. "Acapella", o lead-single, vem como uma lembrança em dois sentidos: de quando os conhecemos e eram só bar-banquinho-e-
Tal linha de raciocínio, de buscar inspiração no passado, fica ainda mais clara em "I Want It All" e sua sonoridade nu-disco. A faixa, escolhida como segundo single, é a prova cabal da já comentada falta de timing por parte da gerência mercadológica que tiveram. Ela poderia ter bombado muito mais no ano passado, se tivesse pego carona nos hits similares de Justin Timberlake e Daft Punk.
A pegada vintage ainda é vista nas fillers "Hate To Love You" e "Night Like This". Essa última, apesar da voz de Nick soar perfeitamente bem encaixada à proposta, é liricamente rasa.
Só que para subverter um pouco esse trabalho como compositores, Karmin entrega "Neon Love". É uma balada poderosa (até onde conseguem ir, claro), com destaque para o verso "I never noticed how hot it is under this light" e a visão de um amor tão forte que acaba rápido. Ok, os engasguinhos simulando choro poderiam ter começado só a partir da sua metade, mas fazer o quê?
Ela faria uma sequência incrível e dualista com "Tidal Wave" - em que Nick faz toda a diferença - se não fosse pela quebra com "Drifter" entre as duas. A canção poderia ser realocada na tracklist, já que seu quê "experimental" combina muito mais com "Gasoline", que aposta e acerta num leve reggaeton, e "Puppet", em que os sintetizadores fazem um ótimo trabalho colocando a pontinha dos dedos no eletrônico.
Seguimos pela super divertida "Try Me On", que se destaca pela mistura de violão, palminhas, assovios e instrumento de sopro. Ela prepara terreno para última, "What's In It For Me", um dos pontos altos do registro, que usa dos mesmos elementos, mas sem o quesito despretensão, afinal é preciso fechar com chave de ouro, né?
O valor de Pulses se dá ao se dividir entre o extremamente confortável e, alguma ou outra, ~estripulia~ sonora. Isso faz com que, em alguns momentos, pareça não ter objetivo maior do que fazer música, pela música. O que, por ora, nos deixa confortáveis com o trabalho. Ótimo pra dupla porque, por enquanto, temos paciência pra quem tá começando.

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