
E daí que nesta semana de críticas "atrasadas", já fizemos do Bangerz, de Miley Cyrus, e ontem apresentamos a de Stars Dance, da Selena Gomez. Hoje vamos ficar com o primeiro dos dois lançamentos de Justin Timberlake neste ano, o The 20/20 Experience.
Quando o ex 'N Sync anunciou seu retorno, as especulações não pararam por um dia sequer (buzz, aliás, muito bem aproveitado na promoção do material). Depois de tanto tempo afastado do mundo da música - seu último disco havia sido o elogiado FutureSex/LoveSounds, de 2006 - todos, obviamente, estavam sedentos por novidades. E, embora o resultado não tenha sido nada do que esperávamos, conseguiu nos conquistar facilmente.
"Suit & Tie", com Jay Z, foi uma ótima escolha como lead single. Ela mostrou o possível caminho fluido do álbum, mas não deixou de pontuar a já conhecida essência pop de Justin. Algo só percebido no contexto da tracklist inteira, afinal sozinha, pareceu avant-garde demais para alguns, porque ninguém pensava que a média da minutagem do trabalho seriam 7 minutos.
Quando ouvimos o CD todo, percebemos quanto "Puhser Love Girl" é a melhor para introduzi-lo. A canção grita "the new classic" e já apresenta a elasticidade que acompanharemos a seguir. A atmosférica (tem até barulhinho de grilos!) e meio tribal "Don't Hold The Wall", mostra que o registro pode seguir muitas direções, inclusive dentro da mesma canção, por mais desconexo que pareça. Algo visto também na seguinte, "Strawberry Bubblegum", que traz um "sambinha" gostoso na segunda metade, mais em destaque que o estilo 60's do começo.
"Tunnel Vision", o terceiro single, aposta num lirismo sensual e voyeur, que se encaixa perfeitamente à aura de mistério de sua sonoridade. E, tão apurada quanto, temos "Let The Groove Get In", um dos destaques, com suas percussões africanas. Pena que, entre a força dessas duas, outras passam despercebidas. É o caso de "Spaceship Coupe" e "That Girl". A primeira, pelo ritmo constante e nada ascendente, e a segunda por também apostar no tom clássico, varrido pelas outras produções mais marcantes do mesmo estilo presentes.
Já "Mirrors", é uma baladinha com influências pop/rock e r&b impossível de dar errado. Ainda mais envolta de história na letra (que o cantor escreveu com a esposa e os avós em mente), um clipe maravilhoso e com radio-friendly saindo pelos poros. É um bem-vindo ponto de conforto, que também acontece com "Body Count", a última faixa do deluxe, onde fica claramente evidente um Justin lembrando de seu passado.
Falando ainda sobre versão deluxe, que convenhamos, mesmo sem a necessidade de existir, traz "Dress On", que funciona bem como um pedaço a mais da experiência, bem como "Ocean Blue Floor", um magnífico ponto final. Com seus reverses, ela deixa o ouvinte num lugar calmo, depois de passar pela nuance musical proporcionada por Timberlake. É quase uma terapia.
O único porém, talvez, seja o compreensível medo de arriscar mais na escolha das músicas de divulgação. Nos três singles, fica clara a preocupação em buscar o equilíbrio entre o novo e o conhecido. Nada disso, porém, tira o brilho de The 20/20 Experience.
Quando perguntado o porquê do título - uma referência oftalmológica à "visão perfeita" - o cantor explicou que um de seus amigos disse "dar pra ver essas músicas". E o que elas mostram, quando focalizadas, é um grande passo dado por Justin na excelência como artista.

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