
Daqui a dois dias vai ser oficialmente lançado o novo álbum da Princesa do Pop. Britney Jean vem com a promessa de mostrar uma verdade mais palpável de Britney Spears e não reduzir sua imagem.
É interessante essa premissa de querer contar para o mundo um pouco mais da verdadeira Britney. Depois de tantos anos que idolatramos e amamos cada passo dela, não vamos nos lembrar de questionar quem é o ser humano por trás da entertainer. Afinal, são tantas bombas imagéticas, dia após dia, que temos certeza que sabemos o que ela sente, pensa e é (e podemos expandir essa falsa percepção dentro da nossa sociedade do espetáculo).
E vontade de se mostrar não falta. Tem pistas por todos os cantos de que Britney quis aparecer de vez. Escolher "Britney Jean" ao invés de "Britney Spears" como nome do álbum não é à toa. Co-escrever todas as canções também não. É bom perceber que o empenho esteve ali, mesmo que deslizes aconteçam nesse percurso (e eles não são tão poucos).
Tentar ponderar baladas/mid-tempos com músicas up-tempos é um deles. Na versão standard, é visível que querem dividir o álbum ao meio. O que não funciona muito bem. Mesmo que haja produções em que tudo tente te aproximar de Britney, o saldo é de um "aconchego" às vezes estranho.
Ao menos as três seguintes mostram que não é preciso necessariamente uma baladinha para se expressar. Enquanto "Tik Tik Boom" traz a bem colocada presença de T.I. e se destaca pela melodia e não pelo lirismo, "Body Ache" é quase o contrário. Ambas chegam num patamar mediano, logo quebrado pela superioridade, ainda que pouca, de "Til It's Gone". A música consegue combinar os pontos fortes das duas anteriores, utilizar uma sonoridade atualmente clichê (dubstep) e, ainda assim, se destacar.
Daí decidem fazer quase o mesmo movimento, mas agora do outro lado. A diferença é que "Passenger", "Chillin' With You" e "Don't Cry" são boas de um jeito próprio. Elas não conversam muito bem entre si, algo muito bem-vindo aqui para mostrar a versatilidade de Britney (o que não acontece nas músicas up-tempo, por exemplo). A segunda citada, que conta com Jamie Lynn Spears, a irmã da Princesa, pode até soar meio deslocada com sua estrutura irregular, mas só pede um pouco mais de ouvido e atenção (e mente aberta também).
A versão deluxe ainda te traz outras músicas bem especiais. Apostamos um pedido de desculpas público com quem nos convencer que o pré-refrão e refrão com coro de "Brightest Morning Star" não é uma das melhores coisas desse álbum. Dessa leva, talvez "Hold On Tight" seja a que menos se destaca, ficando abaixo da média. Contudo isso é bem varrido com "Now That I Found You", surpreendo de um jeito maravilhoso com o country inserido sem nenhuma vergonha.
Britney Jean é um bom CD. Ele encontra lá suas pedras, principalmente nas produções mais agitadas, que no contexto atual parecem meio datadas. Para um registro autointitulado, a individualidade devia ser sua meta principal. Infelizmente, às vezes parece que esse objetivo não ficou muito claro ou não recebeu a devida atenção. Uma pena, porque a vontade de conhecer ainda mais sobre essa Britney está fixada em nossos corações de luzes neon.

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